"As palavras continuam com seus deslimites"
Manoel de Barros

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mais Drummond

Ok, não queremos exagerar nas postagens 'drummondianas', mas, pra quem sempre amou sua poesia, seja nos poemas ou nas prosas, fica difícil se conter. Ôpa, prosa? Sim, embora Drummond seja mais conhecido por seus lindos, às vezes polêmicos, e até mesmo pornográficos ( O Amor Natural) poemas, ele também escreveu algumas prosas! (Veja aqui três de seus textos em prosa )
Para finalizar nossa homenagem ao grande e honroso escritor-poeta Carlos Drummond de Andrade, abaixo o poema 'Eterno'! "Neste poema, assim como em vários outros textos de Drummond, fica patente sua "filiação" a Machado de Assis. O diálogo jocoso de Yayá Lindinha foi retirado de um delicioso conto do autor de Dom Casmurro também chamado "Eterno!" O bruxo de Itabira é filho ideológico do bruxo do Cosme Velho. A outra citação em itálico (Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie — algo como "O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora") é uma frase famosa do pensador francês Blaise Pascal (1623-1662)." (informação extraída do site algumapoesia.com.br).

Enfim, 'Eterno', de Carlos Drummond de Andrade:


E como ficou chato ser moderno.
Agora serei eterno.

Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.

(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)

— O que é eterno, Yayá Lindinha?
— Ingrato! é o amor que te tenho.

Eternalidade eternite eternaltivamente
                   eternuávamos
                           eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.

Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma
                                                [força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e
                                                [passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um
                                                [mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos
                                                [afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.

Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma
                                               [essência
ou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde
                                               [pousou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bóie como uma
                                               [esponja no caos
e entre oceanos de nada
gere um ritmo.

'No meio do caminho'

Variação diatópica no poema de Drummond?






Em Francês:


AU MILIEU DU CHEMIN


Au milieu du chemin y avait une pierre
y avait une pierre au milieu du chemin
y avait une pierre
au milieu du chemin y avait une pierre.


Jamais je n'oublierai cet évènement
dans la vie de mes rétines si fatiguées.
Jamais je noublierai qu'au milieu du chemin
y avait une pierre
y avait une pierre au milieu du chemin
au milieu du chemin y avait une pierre


tradutor desconhecido


Em Italiano:


NEL MEZZO DEL CAMMINO


Nel mezzo del cammino c'era un sasso
c'era un sasso nel mezzo del cammino
c'era un sasso
nel mezzo del cammino c'era un sasso.
Non dimenticherò questa cosa accaduta
nella vita dei miei occhi così stanchi.
Non dimenticherò mai che nel mezzo del cammino
c'era un sasso
c'era un sasso nel mezzo del cammino
nel mezzo del cammino c'era un sasso.


Ruggero Jacobbi
Lirici Brasiliani dal Modernismo ad OggiMilano, 1960


Em Espanhol:


EN MEDIO DEL CAMINO


En medio del camino había una piedra,
había una piedra en medio del camino,
había una piedra,
en medio del camino habia una piedra.


Nunca me olvidaré de ese acontecimiento
en la vida de mis retinas tan fatigadas.
Nunca me olvidaré que en medio del camino
había una piedra,
había una piedra en medio del camino
en medio del camino había una piedra.


Gaston Figuera
In Poesía Brasileña ContemporaneaMontevideo, 1947




dia D


No dia 31 de outubro de 1902, nascia o grande poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Para comemorar a data, o Instituto Moreira Salles lança a ideia de instituir um Dia D – Dia Drummond –, que passa a fazer parte do calendário cultural do país.'
'
diaD

domingo, 23 de outubro de 2011

Qual a 'origem' do preconceito linguístico?


"Cabe a escola realizar um trabalho profundo e contínuo de 

conscientização para que se comece a desmascarar o preconceito lingüístico 
presente na sociedade dominante contra a diversidade lingüística existente 
entre povos e classes sociais, uma vez que “as diferenças lingüísticas”, não 
são consideradas na escola.  
A escola foi condicionada a ensinar a língua da cultura dominante e tudo 
que se afasta desse padrão é considerado “incorreto” e deve ser suprimido”. 
Esse é um dos fatores que acarreta algumas dificuldades em alunos 
provenientes de classes dominadas, pois sentem muita dificuldade em  adaptar 
sua linguagem á norma culta. Diante desse enfoque, é correto  afirmar, que o 
uso da língua na escola evidencia as diferenças entre grupos sociais. Como 
afirma a escritora Soares (1986, p.48), o fracasso escolar está nos obstáculos 
sociais e na inabilidade da escola em ajustar-se à realidade  social”."
Trecho extraído de:

Bidialetalismo:"Quadrinhos: O bidialetalismo nas histórias de gibi."

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Marvada pinga

Um exemplo divertido de linguagem diastrática e diatópica.


Estréia

Olá, nós somos Os Diastráticos*, quatro estudantes de letras, da Universidade Paulista, Campus Rangel, localizada em Santos, SP. Desenvolvemos esse blogue , assim como os demais alunos da nossa turma, como forma de um Projeto de Pesquisa, dado por nossa professora de Linguística. Considerando que estamos na "Era virtual", nada mais apropriado não é mesmo?!
Exporemos aqui, todo e qualquer assunto de relevância linguística, assunto esse muito amplo, uma vez que nossa  língua é muito rica em sua diversidade! E claro, não deixaremos de lado todo nosso amor e respeito pela palavra, seja ela escrita, falada ou mesmo silenciada!
E para estrear com grande estilo, abaixo o trailer do documentário sobre a vida e a obra do poeta Manoel de Barros:








* Quatro alunos + Quatro perfis diferentes entre si = Os Diastráticos